FOTO DO MÊS

 

A frase “doze fotografias significativas em um ano é uma boa marca” é frequentemente atribuída a Ansel Adams, mas ainda não descobri em que contexto ele disse isso (se é que disse alguma vez). O fato é que, como apontado de forma incisiva pelo brilhante fotógrafo Adrian Vila, essa citação talvez seja usada “para motivar fotógrafas e fotógrafos que sentem que não estão produzindo imagens boas o suficiente“.

 

Vila argumenta contra essa abordagem por dois motivos: 1) o que acontece se você alcançar as 12 fotos significativas já no meio do ano? Nesse caso, a pessoa se sentiria preguiçosa e desmotivada para continuar buscando novas fotos naquele ano em particular; 2) essa abordagem coloca forte ênfase em excelentes fotos individuais em oposição a coleções de narrativas fotográficas, mas mais profundas e significativas.

 

Embora eu concorde fortemente com Adrian Vila, decidi desafiar a mim mesmo e buscar uma única fotografia com a qual me sinta feliz a cada mês. Essa não é uma ideia nova e está, de certa forma, relacionada à antiga comunidade de fotografia Your Shot, hospedada pela National Geographic até 2019. E existem três razões principais para o meu auto desafio.

 

A primeira é que aprendi muito ao participar dos desafios na comunidade. Os que eu mais gosava eram os de enviar fotos feitas no primeiro dia de cada mês, por exemplo, “Em 1º de outubro, eu…”. Portanto, apenas fotos feitas no primeiro dia eram consideradas e a pessoa tinha um ou dois dias para curar, editar e enviar. Não importava o tema, isso me motivava fotografar sempre no primeiro dia de cada mês e, também, planejar alguns lugares específicos para ir nesses dias. Tive algumas fotos selecionadas pela equipe editorial da National Geographic durante o curto período desses desafios e isso sempre me deixava muito feliz. Portanto, este auto-desafio serve para me manter sempre motivado a buscar e mostrar uma nova fotografia para o mundo a cada mês.

 

Em segundo lugar, enquanto fotografava para os desafios da National Geographic, sempre voltava para casa com muitas fotos. E eu tinha que escolher apenas uma para mandar. Escolher uma foto é realmente desafiador e me fez pensar de forma mais crítica no momento de fotografar. Assim, mesmo que eu tenha uma narrativa agradável com muitas fotos, escolher apenas uma significativa faz parte do processo de colocar intenção no ato de fotografar. Ainda, manter o máximo de fotos diferentes contribui para alimentar meus projetos diferentes e atualiza meu portfólio sempre com conteúdo fresco.

 

Por fim, um compromisso pessoal sempre é um risco. É fácil pular um mês, depois dois, e deixá-lo morrer. Vi inúmeras pessoas se desafiando no Instagram com projetos como uma foto por dia, ou por semana, ou durante toda a pandemia… Acho que o período de um mês é suficiente para pensar, planejar e executar uma foto que não é meramente para cumprir uma obrigação, mas sim, que seja importante e contribua para  os projetos pessoais e coletivos dos quais faço parte.

 

Em resumo, todo mês vou apresentar uma nova foto feita no mês anterior, com a história ou motivação por trás dela. Nos próximos dias, publicarei a fotografia de outubro. Em dezembro, uma foto de novembro e assim por diante. Dessa forma, tenho tempo para fazer a curadoria, editar, pensar, escrever as histórias e escolher a Foto do Mês.

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