Foto do mês (Edição de novembro de 2024): Recomeço

 

Há um ano publiquei a primeira edição da foto do mês! Como imaginava desde o começo, esse desafio pessoal seria um risco enorme e, de fato, por várias vezes pensei em deixá-lo de lado. Seja por dificuldades pessoais, por falta de inspiração fotográfica, seja por falta de oportunidades de sair para fotografar, ou até preguiça de escrever para publicar. Tudo isso aconteceu, mas o grande risco se tornou uma força motriz para não desistir e, graças ao desafio, foi que mantive a constância na produção artística desse ano. 

 

As publicações da foto do mês também me exigiram um segundo desafio: não queria que o blog ficasse totalmente preenchido apenas com uma seção. Então, além da foto, me comprometi a publicar um segundo texto por mês, com reflexões sobre a atualidade da fotografia, exposições, inspirações e causos que me aconteceram. E foi ótimo, pois escrever é o melhor jeito de organizar as ideias. E, para isso, é necessário muito estudo.

 

Talvez possa dizer que dediquei tantas horas ou até mais estudando e escrevendo para o blog do que propriamente em campo fotografando ou indo a exposições e festivais de fotografia. Pelos motivos pessoais que quase não me deixam cumprir o desafio de uma foto por mês, os projetos de longo prazo que gostaria de me dedicar também ficaram um pouco parados. O principal deles é o “Berço das Águas”, uma documentação da beleza e das ameaças ao Cerrado brasileiro, que infelizmente avancei muito pouco. E ainda estou preparando outros dois projetos imagéticos, que esperava lançar ainda este ano, mas sei que o melhor é deixar para algum momento mais apropriado de 2025. 

 

Tanto esforço me fez pensar muito se valeria a pena continuar com a “foto do mês”, passado um ano do seu lançamento. Uma das ideias no início era de que eu pudesse usar as fotos que estivesse produzindo para os projetos já em andamento, o que não aconteceu – para ser mais preciso, aconteceu somente com a foto publicada em junho. Por outro lado, desapegar dos projetos também me abriu portas importantes e novas possibilidades de atuação. 

 

Queria muito focar mais nos projetos e deixar as fotos mais aleatórias de lado. Mas também é verdade que, passando pouco tempo em campo especificamente para os projetos, o desafio me move a pensar composições, a explorar o que está no entorno, para além do que estou acostumado. Então, sim, a foto do mês fica. Não como uma continuidade, mas como um recomeço, pelo menos pelas próximas doze fotos. 

 

É um recomeço, pois a vida é outra, o contexto é outro e as oportunidades daqui pra frente serão outras também – na verdade, as incertezas daqui para frente também tomaram outra dimensão. No ano passado, deu certo começar o desafio com uma foto da Tanzanita, uma jovem lince da Serra de Andújar, no sul da Espanha. Então, porque não repetir a dose e recomeçar com outra jovem lince?

 

A motivação para isso é que outubro foi um mês intenso, de repensar muitas coisas, de reencontrar pessoas queridas, reviver um pouco da vida que levava quando lancei o desafio há um ano. E reviver aquele momento sem passar muitas horas em busca de uma foto do lince ibérico não seria a mesma coisa. Por isso recomeço da mesma forma mas bem diferente. A linceza retratada é Uvita, irmã um ano mais nova de Tanzanita.

 

Ao olhar para trás, Uvita segue seu passo adiante, assim como fiz na minha breve visita ao local onde essa história de ter blog começou. A partir daqui, vou seguir caminhando, mas agora olhando cada vez mais firme para frente.