Foto do mês (Edição de julho de 2024): Puruba
Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, é um dos meus lugares preferidos no mundo. Mesmo com tanta chuva, concentra mais de cem praias, cercadas por montanhas ainda cobertas pela pujante Mata Atlântica – relativamente bem conservada na região graças ao relevo incompatível com a mecanização agrícola e a especulação imobiliária.
Apesar da semelhança da paisagem geral, cada praia é única. Algumas são verdadeiras piscinas, outras agitadas com ondas ideais para a prática de skimboard e surf. Algumas são muito curtas, enquanto outras têm quase dois quilômetros de extensão. Algumas são urbanizadas, outras (agora poucas) ainda quase inexploradas. Algumas delas têm lagoas, e uma boa parte têm rios que desembocam no mar, fazendo a combinação perfeita para um banho de água doce para tirar o sal do corpo.
Uma das praias mais emblemáticas de Ubatuba, a Puruba, está cercada de água pela confluência dos rios Puruba e Quiririm. Para chegar na praia, é preciso atravessar a água doce, nadando ou em embarcações disponíveis pela comunidade local. Com cerca de 1,5 km de extensão, em uma pequena planície sedimentar formada pela erosão da Serra do Mar, ainda é uma praia muito tranquila, especialmente fora de temporada.
Mas o charme dela está exatamente na sua separação quase completa com o continente, pois é ligada à terra somente em sua ponta direita. E a estreita faixa de areia, protegida da erosão do rio por uma escassa vegetação, confere um ambiente ideal para fotografar com a perspectiva aérea. As texturas do fundo Rio Quiririm são quase imperceptíveis ao atravessá-lo, mas vistas de cima harmonizam perfeitamente com a fina areia branca e a mata verde.
Tinha vontade de fazer essa foto muito antes de ter um drone à disposição. Já havia tentado ir à Puruba outras vezes esse ano, mas sempre sem sucesso para fazer a foto. Apesar de a ideia ser um pouco parecida com a foto de fevereiro, na Barra do Una, no apagar das luzes de junho decidi que a Puruba deveria estar na foto do mês e me organizei para fotografar, com chuva ou sol. Enfim, teve chuva, sol e a fotografia que eu imaginava há tempos.