Foto do mês (Janeiro de 2024): Mudança
A frase “ano novo, vida nova” nunca fez sentido para mim antes da transição de 2023 para 2024. Literalmente, deixei três anos vivendo na Europa em 31 de dezembro para pousar de volta na América do Sul em 1º de janeiro de 2024, enquanto via os fogos de artifício pela janela do avião sobrevoando São Paulo.
Uma nova vida então começou, com muito mais dificuldades do que o esperado. A melhor parte até agora é viver mais perto da Mata Atlântica, onde minha paixão pela biologia e meu engajamento com a conservação começaram, há quase 30 anos atrás.
A região biogeográfica da Mata Atlântica se estende ao longo da costa brasileira, com uma faixa latitudinal de quase 20 graus e uma faixa altitudinal do nível do mar a 2900m. Essa extensão geográfica resulta em vários tipos de ecossistemas, abrigando milhares de espécies endêmicas e ameaçadas.
Em uma pesquisa que conduzi de 2020 a 2022, descobriu-se que, das quase 20.000 espécies de plantas vasculares endêmicas encontradas no Brasil, cerca de 13.000 estão na Mata Atlântica, ~4.000 são exclusivamente encontradas nesta ecorregião, das quais 65% (de 1.728 a 2.883) podem estar sob risco de extinção devido à perda de habitat. De fato, após cinco séculos de intensa exploração predatória colonial e neocolonial, resta pouco mais do que 11% da Mata Atlântica preservada, principalmente concentrada em encostas íngremes inadequadas para atividades econômicas mecanizadas.
Apesar da irracionalidade do capital contra a Mata Atlântica, na minha opinião, um dos ecossistemas florestais mais bonitos do mundo, a biodiversidade ainda resiste. Sua resiliência está profundamente conectada ao rápido ciclo da matéria viva, típico do clima tropical úmido. A senescência e mudanças abruptas são características chave da sobrevivência do ecossistema. Assim, minha foto de janeiro retrata o ciclo da Mata Atlântica. Para que novas folhas cresçam, as antigas devem partir.
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