Foto do mês (edição abril de 2025): Berço das Águas

 

O Cerrado brasileiro agora é amplamente conhecido como o “Berço das Águas” da América do Sul. O motivo mais popular para esse apelido é o fato de que oito das doze principais bacias hidrográficas do continente têm suas nascentes dentro dos limites geográficos do Cerrado. 

 

Mas a real importância do Cerrado para o ciclo hidrológico é muito maior do que isso. Sua vegetação típica é muito diversificada e inclui três biomas principais: campos, savanas e florestas. Especialmente as savanas, sua vegetação mais típica, têm raízes muito profundas. Tão profundas que há anos as savanas brasileiras têm sido chamadas de “florestas invertidas”, já que a maior parte da biomassa é subterrânea. Essas raízes absorvem água das profundezas do solo e a devolvem para a atmosfera na forma de vapor, que se condensará e formará chuva.

Pressionado por todos os lados pelo agronegócio exportador, o que resta na porção sul do Cerrado é um mosaico de pequenos fragmentos de vegetação separados por pastagens degradadas ou por monocultivos regados a agrotóxicos. Ainda assim, sua biota resiste ao gado, à soja, à cana, ao eucalipto e pinus. 

 

Suas águas abastecem a grande parte da população urbana do Brasil e, mesmo tão ameaçado, sua conservação ainda é pouco discutida. As taxas de desmatamento do Cerrado nos últimos dois anos foram maiores que na Amazônia e não há sinal de melhora no curto prazo. O Cerrado não deveria ser preservado somente pela água que fornece, mas por todo o valor não monetário intrínseco de todas as formas de vida únicas e raras adaptadas aos seus ecossistemas ao longo de milhares ou milhões de anos. 

Por isso, esta edição da foto do mês presta homenagem às águas que brotam das savanas brasileiras. E com esta homenagem, retomo, a execução do projeto “Berço das Águas”, com o compromisso de sensibilizar e contribuir para a conservação desse pedaço de mundo tão lindo, diverso e maltratado.