Foto do mês (edição outubro de 2025): Formas do quintal

 

Depois de alguns meses com viagens de campo, a trabalho e um muito breve descanso, setembro foi cansativo e cheio. O equipamento ficou guardado até o último momento à espera de alguma oportunidade aleatória que nunca aconteceu. Nos últimos raios de luz do mês, já com o desespero de não ter sequer ligado a câmera por cinco ou seis semanas, parei tudo o que estava fazendo e fui criar aquela oportunidade esperada. Dessa vez não consegui ir longe, o que foi muito bom. Tive quinze minutos de luz, literalmente, para me virar no quintal. 

 

Nos estudos sobre fotografia já me deparei várias vezes com o argumento de que um bom projeto ou boas fotos “começam no quintal de casa”. Inclusive, a experiência deste mês me lembrou o pequeno livro publicado pelo grande João Marcos Rosa sobre seus três meses de quarentena durante a pandemia de covid-19. “Diário de um outono particular” (Editora Vento Leste), mostra a busca pela arte da luz no quintal do fotógrafo, quando se viu obrigado a não sair mais dele. 

 

É óbvio que há quintais e quintais, mas acho importante considerar o “quintal” não em sua forma literal, mas como o entorno ambiental próximo de onde se vive. Dito isso, não estou totalmente convencido de que projetos devem começar somente ali, ou que todas as pessoas que se dediquem a fotografar tenham que monografar seus quintais. Mas também não subestimo o poder do quintal como um ótimo lugar para praticar e, assim, estudar o próprio estilo, estética e técnicas para então aprimorar os projetos principais – longe do quintal. Acredito que esse seja o verdadeiro sentido de “começar pelo quintal de casa”.

A situação que gerou a foto do mês não é excepcional como a quarentena que prendeu meu xará em seu quintal. Foi só um período cansativo que me forçou a buscar luz, formas, texturas e simplicidade logo aqui do lado de fora.