Claudia Andujar: Flora
Claudia Andujar é um dos grandes nomes da fotografia no Brasil, onde se estabeleceu em 1955 após uma década de refúgio nos Estados Unidos. Nascida na Suíça e tendo crescido na Romênia, Claudia migrou fugindo da guerra. Chegou ao Brasil sem saber o idioma e buscou na fotografia uma forma de se expressar.
Viajando pelo Brasil e outros países com sua Rolleiflex, rapidamente fez muitos contatos e teve suas fotografias publicadas em diversos meios nacionais e internacionais. Até que, na década de 1970, passa a se dedicar quase integralmente à documentação do povo Yanomami, abandonando São Paulo para viver entre os estados de Roraima e Amazonas.
O trabalho documental levou a fotógrafa a se envolver pessoalmente com a luta Yanomami pelo reconhecimento e direito ao território, posteriormente fundando uma ONG Pró-Yanomami. Tendo trabalhado por muito tempo para a revista Realidade, Claudia fez diversas reportagens sobre a Amazônia e construiu um acervo enorme sobre os povos da floresta, em especial dos Yanomami.
Em 2018, a exposição “A luta Yanomami” finalmente chegou ao público. Com mais de trezentas fotografias, incluindo uma diversidade técnica e experimental impressionante, além de desenhos feitos pelas próprias comunidades, a exposição se iniciou em São Paulo e ainda percorre outras cidades pelo mundo. Pessoalmente, foi uma exposição muito impactante.
Agora, por iniciativa da Casa Seva, em parceria com a Galeria Vermelho e curadoria de Ana Carolina Ralston, está aberta ao público até o dia 12 de abril a exposição “Claudia Andujar: Flora”. A pequena e linda mostra traz dez fotografias publicadas originalmente na revista Realidade como parte de uma série sobre a Amazônia, com o objetivo de, segundo a curadora, “encantar os leitores e enfatizar o cuidado necessário com a região, assombrada pela construção da Transamazônica por uma imensa devastação ambiental”.
Para Ralston, o objetivo da exposição segue fiel aos de Andujar: “encantar os olhos em direção à preservação.”

A mostra se divide em dois espaços. Primeiramente, ampliações em papel algodão trazem alguns dos elementos mais marcantes do trabalho de Andujar, como o uso de filtros coloridos e a fotografia sequencial de um mesmo assunto, com ângulos ligeiramente distintos, conferindo movimento às fotografias. Na exposição, o tríptico “Mourera aspera”, espécie vegetal aquática do Brasil, representa esse movimento entre fotogramas almejado por Andujar em suas experimentações.


Em uma sala separada, três fotografias são projetadas em tecidos e, com o auxílio de sons da floresta, criam um ambiente expográfico fluido, que traz as pessoas para dentro das imagens criadas na década de 1970. Nos tecidos, as próprias imagens se misturam em si mesmas.

Seria um exagero dizer que esse espaço buscava tentar reproduzir um ambiente florestal amazônico no interior de uma sala climatizada no centro de São Paulo. Porém, esse segundo momento imersivo da exposição leva as fotos de Andujar para outra dimensão, se é que isso fosse possível, amplificando seu clamor pela luta amazônica e amazônida.

É um prazer poder ver mais uma parte das belezas da floresta retratadas pelas lentes de uma das fotógrafas mais reconhecidas do Brasil. Para quem estiver em São Paulo, a exposição na Casa Seva é uma parada obrigatória.
Exposição Claudia Andujar: Flora
Curadoria: Ana Carolina Ralston
Local: Casa Seva
Encerramento: 12 de abril de 2025