Exposição “50 anos da  Revolução dos Cravos” por Sebastião Salgado e Lélia Wanick

 

Em fevereiro deste ano, ao completar 80 anos, Sebastião Salgado disse ao jornal The Guardian que deixaria os trabalhos de campo para se dedicar ao seu acervo monumental de fotografias. Menos de três meses depois, Sebastião e Lélia Wanick lançam, no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, a exposição “50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal”. 

Se para Sebastião Salgado, Portugal da Revolução dos Cravos foi onde ele aprendeu a construir uma narrativa fotográfica na prática, para nós, aprendizes e amantes das histórias visuais, a exposição é uma verdadeira aula de história e fotografia. A exposição faz parte da programação “Maio da Fotografia” do MIS, que conta com outras seis exposições, além da exibição de documentários sobre fotografia. 

 

 

Por fim, meu elogio ao trabalho de Sebastião Salgado e Lélia Wanick não é irrestrito ou livre de ressalvas. Assim como em qualquer processo popular e qualquer pessoa, totalidade e contradição se unem, convivem e movem o ser. Se Salgado quase se sacrificou pessoalmente para dar visibilidade aos povos oprimidos, também usou de sua voz para tentar minimizar as responsabilidades da empresa Vale em seus crimes socioambientais. Também verbaliza um profundo desrespeito às pessoas cujo único meio fotográfico são as câmeras em seus dispositivos móveis, quando diz e repete incansavelmente que com um smartphone não se faz fotografia. Também ignora o trabalho fotográfico dos povos amazônicos, que buscam por si construir sua própria identidade a partir da sua própria documentação diária, quando afirma que é o único fotógrafo documentando a Amazônia em seu último projeto de campo. Mas arte e artistas são elementos inseparáveis e, com ou sem contradições, a exposição dos 50 anos da Revolução dos Cravos é impressionante pelo seu conteúdo, forma, originalidade e, como não, pioneirismo após meio século de uma trajetória inspiradora. 

 

Apoiado pela classe dominante e pelo clero, o regime salazarista foi um tipo de facismo que sobreviveu à queda dos vizinhos Hitler, Mussolini e Franco. O fervor popular para superar esse regime, “filho dileto do capital e da igreja” como as demais ditaduras facistas, chamou atenção do casal de fotógrafos brasileiros, exilados na França por conta da ditadura civil-militar imposta no Brasil em 1964 – com o apoio incondicional da Casa Branca à supressão das democracias latinoamericanas, e com o aval das classes dominantes e da igreja.

 

Vítimas do golpe de 1964, Sebastião e Lélia se empolgaram com a revolta portuguesa e se encheram de esperança. Talvez a experiência portuguesa pudesse, enfim, inspirar e contribuir para o progresso brasileiro. Mas a Revolução dos Cravos, assim como qualquer processo popular, foi contaminada por contradições e disputas internas, que foram igualmente documentadas e contadas na exposição dos 50 anos. As cinco décadas de resistência antifacista não foram suficientes para expurgar a ideologia xenofóbica, nacionalista e colonialista de Portugal que, assim como muitos países da Europa e América Latina, hoje passam por outra onda de governos comprometidos com a supressão das liberdades e diversidades humanas. 

 

Se para Sebastião Salgado, Portugal da Revolução dos Cravos foi onde ele aprendeu a construir uma narrativa fotográfica na prática, para nós, aprendizes e amantes das histórias visuais, a exposição é uma verdadeira aula de história e fotografia. A exposição faz parte da programação “Maio da Fotografia” do MIS, que conta com outras seis exposições, além da exibição de documentários sobre fotografia. 

 

 

Por fim, meu elogio ao trabalho de Sebastião Salgado e Lélia Wanick não é irrestrito ou livre de ressalvas. Assim como em qualquer processo popular e qualquer pessoa, totalidade e contradição se unem, convivem e movem o ser. Se Salgado quase se sacrificou pessoalmente para dar visibilidade aos povos oprimidos, também usou de sua voz para tentar minimizar as responsabilidades da empresa Vale em seus crimes socioambientais. Também verbaliza um profundo desrespeito às pessoas cujo único meio fotográfico são as câmeras em seus dispositivos móveis, quando diz e repete incansavelmente que com um smartphone não se faz fotografia. Também ignora o trabalho fotográfico dos povos amazônicos, que buscam por si construir sua própria identidade a partir da sua própria documentação diária, quando afirma que é o único fotógrafo documentando a Amazônia em seu último projeto de campo. Mas arte e artistas são elementos inseparáveis e, com ou sem contradições, a exposição dos 50 anos da Revolução dos Cravos é impressionante pelo seu conteúdo, forma, originalidade e, como não, pioneirismo após meio século de uma trajetória inspiradora. 

 

Posteriormente acusado por algumas mentes imperialistas de “estetas da pobreza”, Salgado e Wanick mostraram para o público do Norte, do centro do capitalismo, o rastro de destruição social e ambiental deixado pela exploração colonialista nos países periféricos, bem como suas consequências para as metrópoles, como no caso português. Mas ao invés de criticar o próprio Capital, fonte inesgotável de exploração da Natureza e das pessoas, tais mentes preferiram criticar quem revelou as mazelas desse sistema que busca a acumulação infinita de dinheiro nas mãos de poucos.

 

Apoiado pela classe dominante e pelo clero, o regime salazarista foi um tipo de facismo que sobreviveu à queda dos vizinhos Hitler, Mussolini e Franco. O fervor popular para superar esse regime, “filho dileto do capital e da igreja” como as demais ditaduras facistas, chamou atenção do casal de fotógrafos brasileiros, exilados na França por conta da ditadura civil-militar imposta no Brasil em 1964 – com o apoio incondicional da Casa Branca à supressão das democracias latinoamericanas, e com o aval das classes dominantes e da igreja.

 

Vítimas do golpe de 1964, Sebastião e Lélia se empolgaram com a revolta portuguesa e se encheram de esperança. Talvez a experiência portuguesa pudesse, enfim, inspirar e contribuir para o progresso brasileiro. Mas a Revolução dos Cravos, assim como qualquer processo popular, foi contaminada por contradições e disputas internas, que foram igualmente documentadas e contadas na exposição dos 50 anos. As cinco décadas de resistência antifacista não foram suficientes para expurgar a ideologia xenofóbica, nacionalista e colonialista de Portugal que, assim como muitos países da Europa e América Latina, hoje passam por outra onda de governos comprometidos com a supressão das liberdades e diversidades humanas. 

 

Se para Sebastião Salgado, Portugal da Revolução dos Cravos foi onde ele aprendeu a construir uma narrativa fotográfica na prática, para nós, aprendizes e amantes das histórias visuais, a exposição é uma verdadeira aula de história e fotografia. A exposição faz parte da programação “Maio da Fotografia” do MIS, que conta com outras seis exposições, além da exibição de documentários sobre fotografia. 

 

 

Por fim, meu elogio ao trabalho de Sebastião Salgado e Lélia Wanick não é irrestrito ou livre de ressalvas. Assim como em qualquer processo popular e qualquer pessoa, totalidade e contradição se unem, convivem e movem o ser. Se Salgado quase se sacrificou pessoalmente para dar visibilidade aos povos oprimidos, também usou de sua voz para tentar minimizar as responsabilidades da empresa Vale em seus crimes socioambientais. Também verbaliza um profundo desrespeito às pessoas cujo único meio fotográfico são as câmeras em seus dispositivos móveis, quando diz e repete incansavelmente que com um smartphone não se faz fotografia. Também ignora o trabalho fotográfico dos povos amazônicos, que buscam por si construir sua própria identidade a partir da sua própria documentação diária, quando afirma que é o único fotógrafo documentando a Amazônia em seu último projeto de campo. Mas arte e artistas são elementos inseparáveis e, com ou sem contradições, a exposição dos 50 anos da Revolução dos Cravos é impressionante pelo seu conteúdo, forma, originalidade e, como não, pioneirismo após meio século de uma trajetória inspiradora. 

 

Este foi o primeiro trabalho fotográfico do casal, cobrindo o final do regime salazarista e as independências das últimas colônias ultramarinas de Portugal. Com mais de 50 fotografias inéditas ao público, feitas entre 1974 e 1975, a exposição revela o poder artístico e documental dos projetos de Salgado desde o início de sua carreira fotográfica. 

 

Posteriormente acusado por algumas mentes imperialistas de “estetas da pobreza”, Salgado e Wanick mostraram para o público do Norte, do centro do capitalismo, o rastro de destruição social e ambiental deixado pela exploração colonialista nos países periféricos, bem como suas consequências para as metrópoles, como no caso português. Mas ao invés de criticar o próprio Capital, fonte inesgotável de exploração da Natureza e das pessoas, tais mentes preferiram criticar quem revelou as mazelas desse sistema que busca a acumulação infinita de dinheiro nas mãos de poucos.

 

Apoiado pela classe dominante e pelo clero, o regime salazarista foi um tipo de facismo que sobreviveu à queda dos vizinhos Hitler, Mussolini e Franco. O fervor popular para superar esse regime, “filho dileto do capital e da igreja” como as demais ditaduras facistas, chamou atenção do casal de fotógrafos brasileiros, exilados na França por conta da ditadura civil-militar imposta no Brasil em 1964 – com o apoio incondicional da Casa Branca à supressão das democracias latinoamericanas, e com o aval das classes dominantes e da igreja.

 

Vítimas do golpe de 1964, Sebastião e Lélia se empolgaram com a revolta portuguesa e se encheram de esperança. Talvez a experiência portuguesa pudesse, enfim, inspirar e contribuir para o progresso brasileiro. Mas a Revolução dos Cravos, assim como qualquer processo popular, foi contaminada por contradições e disputas internas, que foram igualmente documentadas e contadas na exposição dos 50 anos. As cinco décadas de resistência antifacista não foram suficientes para expurgar a ideologia xenofóbica, nacionalista e colonialista de Portugal que, assim como muitos países da Europa e América Latina, hoje passam por outra onda de governos comprometidos com a supressão das liberdades e diversidades humanas. 

 

Se para Sebastião Salgado, Portugal da Revolução dos Cravos foi onde ele aprendeu a construir uma narrativa fotográfica na prática, para nós, aprendizes e amantes das histórias visuais, a exposição é uma verdadeira aula de história e fotografia. A exposição faz parte da programação “Maio da Fotografia” do MIS, que conta com outras seis exposições, além da exibição de documentários sobre fotografia. 

 

 

Por fim, meu elogio ao trabalho de Sebastião Salgado e Lélia Wanick não é irrestrito ou livre de ressalvas. Assim como em qualquer processo popular e qualquer pessoa, totalidade e contradição se unem, convivem e movem o ser. Se Salgado quase se sacrificou pessoalmente para dar visibilidade aos povos oprimidos, também usou de sua voz para tentar minimizar as responsabilidades da empresa Vale em seus crimes socioambientais. Também verbaliza um profundo desrespeito às pessoas cujo único meio fotográfico são as câmeras em seus dispositivos móveis, quando diz e repete incansavelmente que com um smartphone não se faz fotografia. Também ignora o trabalho fotográfico dos povos amazônicos, que buscam por si construir sua própria identidade a partir da sua própria documentação diária, quando afirma que é o único fotógrafo documentando a Amazônia em seu último projeto de campo. Mas arte e artistas são elementos inseparáveis e, com ou sem contradições, a exposição dos 50 anos da Revolução dos Cravos é impressionante pelo seu conteúdo, forma, originalidade e, como não, pioneirismo após meio século de uma trajetória inspiradora.